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"Como você sabe que a sua é a melhor filosofia entre todas as que jamias foram ensinadas no mundo, que ainda se ensinam ou que serão ensinadas? (..) Como você sabe ter eleito a melhor?" A essas perguntas de Albert Burgh, Espinosa responde: "... eu não presumo ter encontrado a melhor filosofia, apenas sei inteligir a verdadeira".
Deus é causa de si, dessa tese de Espinosa parece resultar que se Deus é causa de si ele existiu antes dele mesmo para poder causar a si mesmo; por outras palavras, é como se um efeito fosse capaz de produzir sua existência antes mesmo de existir. Entretanto, as coisas não são bem assim. O texto espinosano nos oferece alguns elementos que invibializam a ideia de que haveira uma sucessão temporal operando no conceito de causalidade de si mesmo. vejamos:
Por causa de si entendo aquilo cuja essência envolve a existência; ou por outras palavras, aquilo cuja natureza não pode ser concebida senão como existente (EID1).
À natureza daquilo que não pode ser concebido senão como existente pertence o existir (EIP7); disso resulta, que sua definição “deve envolver a sua existência necessária, e, por conseqüência, é somente da sua definição que se deve concluir a respectiva existência” (EIP8, esc.). A coisa eterna será entendida como “a própria existência enquanto concebida como seqüência necessária da própria definição” (EIP8).
Portanto, podemos dizer que ser causa de si equivale a ser eterno, isso implica em não poder “ser explicada pela duração ou pelo tempo, ainda que se conceba a duração sem começo e sem fim” (EID8), o que, por si só, impede a interpretação da causa de si como se se tratasse de uma relação entre dois termos realmente distintos num espaço de tempo em que se daria o surgimento de algo por meio de uma relação causal sobre si mesma. Nem duração, nem temporalidade, a causa de si deve ser entendida como “eternidade, isto é, como fruição infinita do existir (existendi), ou, para usar um barbarismo, como fruição infinita do ser (infinitam essendi fruitionem)” (Carta 12, p.382).
Essa relação entre Deus ser a vida e as coisas terem vida pode ser transposta para a questão da existência de Deus e a relação que ela apresenta com as demais coisas: Deus é a existência ou o próprio existir , as coisas, que dele se seguem, têm a existência que dele recebem.
(Cleiton Zóia Münchow)