quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Deus ou seja a Natureza: Spinoza e os novos paradigmas da física


Esse ano os espinosanos estão bem, pois já estamos no segundo lançamento de livro sobre Espinosa e sua filosofia. O lançamento, agora, é do livro "Deu ou seja a natureza: Spinoza e os novos paradigmas da física" de Roberto Leon Ponczek. O livro, ao que parece, é fruto do resultado de uma pesquisa de doutorado. Deixo para todos algumas informações sobre o livro:

Orelha

“Se beleza se confunde com a verdade”, como dizia o poeta Keats, a filosofia de Spinoza é uma das mais verdadeiras de todas. “Os filósofos banais começam por filosofar sobre as coisas, Descartes começou pela mente e Spinoza por Deus”, dizia Leibniz, caracterizando, como ninguém, a filosofia do judeu sefaradita de Amsterdã que por construir o seu sistema filosófico a partir da idéia de Deus como substância infinita, ficou conhecido pelo epíteto que lhe deu Novalis, “O homem embriagado de Deus”. Spinoza foi incompreendido por quase todos, em sua época, sendo seus livros considerados heréticos por todos os tribunais religiosos do séc. XVII. Neste texto, Ponczek argumenta que, a partir do Renascimento, o homem passaria a perceber o universo e a si próprio de forma radicalmente distinta e a Filosofia, não só como uma atividade de conhecimento, mas como uma visão de mundo, também não poderia permanecer indiferente às revoluções políticas e científicas em curso. Como filósofo, o papel de Spinoza foi assim o de ser o primeiro a pensar radicalmente sobre um mundo radicalmente distinto de seus antepassados. Particularmente como judeu depois de um traumático rompimento com a comunidade judaica ibero-lusitana de Amsterdã, Spinoza cria a prática que acompanhará o pensamento da inteligentzia judaica até os dias de hoje: o questionamento do estabelecido e a conseqüente revolução sem retorno possível das ideias essenciais acerca dos mistérios do universo físico e da natureza humana. Mendelssohn, Marx, Freud, Einstein, Benjamim, Bergson, Husserl, Buber, Kafka, são apenas alguns dos transgressores do convencional e herdeiros dessa cultura da reflexão profunda que leva inevitavelmente à contestação e à ruptura de dogmas milenares e das “verdades” aparentes. Spinoza foi o precursor deles todos e sem abandonar a idéia central do monoteísmo
judaico, isto é, a existência de um Deus infinito, único e eterno, construiu seu sistema filosófico, compatível com a Ciência, a partir de um Deus imanente e mimetizado nas leis da natureza. Spinoza abriu-nos a possibilidade não só para uma ciência moderna como também para uma religião moderna. Dos pensadores citados, Einstein foi o que melhor reconheceu a paternidade spinozista de suas idéias acerca do universo e dessa possível Religião cósmica da Ciência, entendendo que pensar sobre Spinoza implica numa reflexão que todo cientista deve fazer sobre si mesmo.”

Mais informações podem ser obtidas no blog do autor:

http://spinoza-einstein.blogspot.com


11 comentários:

  1. Cleiton:
    A primeira coisa que desejo saber, como nosso amigo Guilherme, é se o livro já saiu. Eu sou frequentar "compulsivo" de livrarias e ainda não tive o prazer de encontrá-lo.
    Quero reforçar, em segundo lugar, a nossa sorte, como spinozanos, pelos lançamentos. Entretanto, acho que nossa sorte é maior do que apenas dois livros lançados. Vejamos, há os dois que tu citaste, mais o do Amaury e ainda há o menos pretensioso - e, apenas, metade spinozano - "Cinefilô", do Olivier Pourriol.
    Eu contabilizo quatro, portanto.
    E... valeu pela tua dica!

    ResponderExcluir
  2. O lançamento oficial do livro será no dia 3 de setembro, próximo, às 18 hs no Espaço Unibanco-Cine Glauber Rocha, praça castro Alves s/n, Salvador. A partir daí ficará disponível na Edufba: edufba@ufba.br
    Abraços:
    Roberto L. Ponczek

    ResponderExcluir
  3. Caro Cleiton:
    Apesar de estar entre os comentários desse post, na verdade, esse pequeno texto é "off topic", como meu compadre gosta de dizer.
    Acabei de ler o teu artigo "Os limites da razão: sobre o inacabamento do TIE". Aliás, nem sabia que tinhas participado do I Congresso Nietzche&Spinoza, aqui no Rio. Como não me lembro da tua fisionomia, nem dessa apresentação, ela deve ter ocorrido no mesmo horário em que outra a qual assisti.
    O trabalho é muito bom. Gostei de vários momentos dele, principalmente o cuidado que tiveste em avaliar diversos comentadores, a fim de embasar melhor teu ponto de vista. Entretanto, discordei de uma coisa fundamental, tua tese de que "por ser um discurso da razão, o TIE não pode alcançar o sumo bem" - que, como dizes, seria conhecer pela causa - e, por isso mesmo, o inacabamento seria da sua própria natureza.
    A pensar desta forma, a própria Ética teria que ser inacabada, visto que ela também utiliza a Razão (enquanto segundo gênero) para falar do "conhecimento da união do mente com o Todo", conhecimento que, na verdade, só poderia ser alcançado pelo terceiro gênero. Ou seja, em nenhum momento - e através de nenhuma obra - será possível fazer com que alcancemos a "ciência intuitiva", visto que só temos como meio o texto discursivo.
    Outro ponto onde penso haver problema no teu texto é quando afirmas que "o TIE não é uma obra filosófica", baseando tua opinião no fato de "em várias notas... no TIE, podemos ler que determinados problemas serão resolvidos... em sua filosofia". E a chave para minha divergência é posta por ti mesmo, na nota 17, quando dizes "A expressão utilizada por ele é 'mea Philosophia'". Seguindo comentador - que já não lembro qual... afinal, foram tantos livros lidos -, penso que "Philosophia" era o título provisório da Ética - que, aliás, teria apenas três partes, originalmente.
    Então, penso que o TIE é, sim, uma "obra filosófica", mas que está longe de ser a "obra filosófica definitiva"... como, aliás, também não seria o "Breve Tratado", a se julgar por alguns comentaristas, que afirmam que essa obra já existia, então.
    De qualquer forma, o TIE acaba por "esgotar-se" em seu próprio projeto, quando Spinoza já preconiza, como bem mostras, o aprofundamento de sua filosofia em outro livro.
    Eu diria que, conforme o "modismo" da criação de métodos, vigente à época, partindo, inclusive, do "eu" - como também destacaste ser similar a Descartes -, poderíamos pensar apenas numa obra propedêutica à completude do sistema spinozano, que viria a seguir.

    ResponderExcluir
  4. Obviamente, gostaria de considerações tuas sobre meu ponto de vista.
    Grande abraço.

    ResponderExcluir
  5. O problema é achar que um grande físico necessariamente é um bom filósofo. É o caso de Einstein, grande físico e um nulo como filósofo e leitor de filosofia. Por exemplo, o livro de Einstein "Como vejo o mundo" demonstra bem que ele era apenas um pequeno-burguês com idéias pequeno-burguesas.
    Espinosa era ateu e o seu deus era a natureza, então, este papo de montoteísmo e religião são produtos de leituras consevadoras de Espinosa.

    ResponderExcluir
  6. Pastor:
    Ninguém, em seu estado normal, pode defender que 'necessariamente' um grande físico seja um bom filósofo. Portanto, não penso que seja essa a ideia do autor do livro.
    Pessoalmente, acho até que Einstein entendeu mal Spinoza... ou, pelo menos, entendeu-o de modo muito superficial. Mas será necessário ler o livro em questão para captar a real abordagem do autor.
    Entretanto, quanto a Einstein ser um pequeno burguês, não concordo. Basta ver todo o ideário humanista dele, para perceber que sua percepção do ser humano era muito maior do que sua pretensão de permanecer 'isolado' em sua 'casta'.
    Por último... em relação ao monoteísmo e à religião, não é uma leitura "conservadora" de Spinoza que nos remete a esses assuntos, mas o próprio pensador holandês, quando escreve sobre eles, no seu Tratado Teológico-Político.
    Este é apenas o meu ponto de vista... obviamente.

    ResponderExcluir
  7. Terceiro lançamento ;)

    Acabou de sair o livro da prof.Juliana Merçon intitulado: Aprendizado Ético-Afetivo: Uma leitura Spinozana da Educação.

    Obviamente que ja comprei o meu exemplar e estou lendo... aliás, muito bom por sinal!

    ResponderExcluir
  8. Se tudo que existe resulta da ação de leis naturais, a causa da nossa existência é a interação das leis da natureza.
    Portanto, Deus e as leis da natureza são uma só e mesma coisa.
    É uma visão mais profunda a respeito de Deus.
    Neste contexto a função do homem seria a de se esforçar por compreender a natureza, sua relação com o meio ambiente e utilizar este conhecimento para seu bem estar, ou seja relacionar-se melhor consigo mesmo, com os outros e com o mundo ao seu redor.
    Em Spinoza e Einstein sentimento religioso e conhecimento natural estão entrelaçados.
    "Quanto mais se conhece a natureza, mas se conhece a Deus" Spinoza

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Estou também divulgando a filosofia de Spinoza no blog www.deusnature.blogspot.com.br

      De igual sorte também congratulo o Professor Roberto Ponczek pela feliz iniciativa, desejando desde já sucesso total.

      Excluir